18 de março de 2015

Água Escassez e excesso na mesma medida

José Gomes Garcia (ambientalista e poeta)

Quando penso que a unicélula planeta Terra é formada em sua base por 75% de água e apenas 25% de outras matérias, chego a ficar impressionado. Talvez, seja este o motivo de o homem — único ocupante deste habitat capaz de fazer história — não dar a mínima importância a este líquido tão importante a sua vida. Não tenho notícias de outro vivente que tenha saído por aí rabiscando paredes de caverna e legando para a posteridade material capaz de significar alguma trajetória. Viventes, aliás, que desenhavam, inclusive, outros viventes que pretendiam caçar, aprisionar ou, simplesmente, se defender de seus possíveis ataques.
Uma coisa que sempre me impressiona no homem é a sua capacidade de deslocamento, outro fato que o relaciona com sua composição hídrica. Sim, pois pensemos se o caso fosse o contrário, em vez de 75% de líquido apenas os 25%, e os outros 75%  fossem de matéria bruta, Este vivente, certamente, não teria transposto a barreira da primeira caverna.
Mas a água sempre abundante por onde passou lhe permitiu andar, nadar, deitar e rolar em sol fértil. Quando penso em água penso, também, nos outros elementos que compõem a atmosfera terrestre e que juntos representam o único pensamento de solidariedade absolutamente inquestionável. Juntos, os quatro elementos são essenciais à vida: Água, Terra, Ar e Fogo.
Que maravilha! Nada nos faltará. Pisando sobre a terra, nadando sobre as águas, respirando o ar, aquecendo-se ao fogo, o homem foi longe. E esse deslocamento é que sempre me chamou a atenção. Mas o homem, mesmo diante de tanta evidência, não parou para observar que a água representa a síntese de sua existência, pois é nela que ele exerce seu maior direito: o direito de ir e vir, portanto, a liberdade garantida em todas as constituições não seria possível se o homem fosse composto por 75% de outra matéria que não a “Santa Água”.

Certa vez, participando de um seminário sobre meio ambiente em que muito se falou da história, da água e sobre o relevo e povos do cerrado, ouvi vários mestres ambientalistas discorrerem suas teses e apresentavam bibliografias pomposas. Eis que um jovem geógrafo (Jaime Campis), não que fosse recém-formado, porém, com um currículo ainda em formação, posso dizer assim. O jovem, em sua fala, foi desconstruindo todas as bibliografias até então salientadas pelos mestres. Então, as pessoas ali presentes foram ficando apreensivas com a postura do rapaz. Até que em dado momento, um dos participantes do seminário tomou a palavra e indagou: “Então, em que devemos nós orientar meu caro rapaz?”
A pergunta foi feita em tom amistoso. O palestrante não se fez de rogado e foi logo respondendo: Guimarães Rosa, caro mestre (disse o rapaz). Guimarães Rosa e Euclides da Cunha. E, por fim, Paulo Bertram!... Hoje, eu incluiria uma goiana. Uma goiana que, na verdade, nem é tão goiana assim. Isso mesmo! Nem é tão goiana assim... Cora Coralina tem um pezinho muito bem calcado nos rincões nordestinos. Basta ler com atenção seu sobrenome para descobrir de quem ela é parente de sangue, Lins do Rego Brêtas, Terras de Engenho, embora seus familiares por parte de mãe sejam goianos do pé rachado. Não se trata de comparar Cora a outro autor. Isto seria uma ingenuidade. Porém, sua obra e sua biografia não deixam dúvidas. Cora conta por onde é o caminho das pedras; diz onde a onça vai beber água. Isto de um ângulo muito peculiar, pois se trata do ponto de onde os bandeirantes rumaram para o norte em busca dos cristais e do metal.
Cora não se esquece dos povos. Os primeiros ocupantes do tabuleiro, berço das águas. Isso sem jamais se esquecer da origem do pai. Sou cangaceira (disse a poeta de Goyaz). Quando me remeto à Cora, refiro-me novamente ao deslocamento, o tempo que uma missiva levava para ir e vir da capital de Goyaz a capital federal, sendo levada pelos mesmos meios de transportes usados na época. O lombo do burro! Depois, por via náutica pelo Rio Grande onde logo surgiria o povoado de Barreiras no Estado da Bahia, dando início a tão famosa rota do sal.

Quando aquele jovem Geógrafo encerra sua fala, homenageando Paulo Bertram, ele nos remete a um fato pouco comentado para além da psicologia. Refiro-me ao mito da caverna cujo tempo já imemorial ultrapassa nossas existências. E me indago se hoje estamos no tempo da caverna e, quiçá, seja esta caverna nem a de Platão nem a de Saramago.     
(Texto proferido em Planaltina-DF, Setembro de 2014, em evento promovido pelo Instituto Cerratense)   

8 de março de 2015

Dia Internacional da Mulher





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