29 de janeiro de 2015

O grande jogo, por Artur Alonso Novelhe


Pela força de atração e repulsão
surge a dúvida no mundo.
No combate ao indiferente eu achei certa aquela voz
que habita no meu deserto.
O profeta proferindo:
“Amar-vos uns dentro dos outros”
Mas o clérigo predicou, prevaricando :
“Olho em seus olhos, dente em seus dentes
deveis vingar: é tempo de derrubar o templo”
Respiramos longamente, para no espelho assassinar
aquele que nos mostra a nós mesmos
Tínhamos uma vida anímica
e na arte filantrópica, altruísmo
para logo nos mostrar, a eles, também superiores….
(fora um tempo colonial
na noite ainda melancólico)
Houve uma bomba – mortes dentro do ocidental jornal, e
milheiros de pessoas sua aversão a demonstrar
a aqueles que foram maus filhos
… Soldado: soldado algum dia tu serás
para remover com teus ossos
as cinzas que tardam em maturar
milênios no Meio do Oriente…
O ódio adensa-se,
no sangue o desejo ainda flui
animicamente empregando
por algum tempo
propósitos bem maléficos…
Aquele lume purifica
na guerra que alguém quer procriar
se joga o controlo do mundo…
Nós, os outros, olhamos paralisados
enquanto o tirânico Oráculo
revestido de poder Mundial
se mostra precavido…
(o Deus Mercado não sabe em quem confiar
agora que a Rússia de novo tenta desafiar
com Beijing espreitando na porta do inicio)
Acomodem passageiros,
segurem bem o cinto
Decolamos, hoje, bem cedo,
para manobras realizar, ocultas sobre o abismo!

22 de janeiro de 2015

Terror em nome do Islão, quem prova que não?


Do diálogo cínico entre representantes islâmicos e democratas
António Justo
Tornou-se num lugar-comum, representantes de instituições islâmicas, em situações semelhantes às dos atentados de Paris, se desculparem dizendo, tratar-se de um atentado contra o islão, ou ainda, que “eles não são muçulmanos!”. Seria incorrecto a Instituição islâmica julgar-se vítima, quando em seu nome e também através de estados islâmicos se espalha o terror por todo o mundo. (Não falo aqui da responsabilidade do Ocidente, atendendo ao espaço e já ter tratado o tema noutros artigos).
É verdade que não se pode taxar um grupo inteiro de culpado do que acontece em seu nome. Uma “desculpa de mau pagador” para sacudir a água do próprio capote, perante desinformados. Seria negador da realidade e testemunho de hipocrisia negar que a “guerra santa” (Jihad) e os atentados têm a ver com o Islão.
Torna-se urgente um diálogo sério que ajude muçulmanos e não muçulmanos. Os muçulmanos moderados, para se tornarem verdadeiramente credíveis, têm que demonstrar que os extremistas invocam, injustamente, as suras do Corão para justificarem a sua luta. O Encargo de prova recai sobre as associações muçulmanas. Os eruditos e responsáveis do islão teriam de dizer publicamente que o Corão não é para ser seguido à letra e as suras não são válidas universalmente. Aqui se encontra o busílis da questão porque nenhum mestre ou mufti se atreve a afirmar tal, dado entenderem as suras do Corão como directamente ditadas por Deus (no Corão nota-se que Alá mudou de opinião aquando da mudança de Maomé de Meca para Medina – isto poderia servir de motivo para os peritos muçulmanos permitirem a análise histórico-crítica praticada nas ciências teológicas).
Por isso se tornam difíceis declarações públicas por parte de muçulmanos e se dificulta um diálogo onde os intervenientes, se comportam como o gato, a fazer batota em torno do leite quente! A gentileza junta-se à falta de honestidade intelectual ao distrair os públicos com aspectos mais ou menos moralistas ou de conveniências e vivências sociais, em vez de ir ao problema de fundo que se encontra nos princípios doutrinários imanentes ao sistema e aqui só em segunda mão na situação social injusta em que, por vezes, vivem. (1)
Os teóricos islâmicos têm de demonstrar, nos países para onde imigraram, como é que o Islão é compatível com as formas de democracia com separação de estado e religião, e com os direitos humanos. Este seria o primeiro passo ao serviço da integração e de um diálogo sério entre islão e democracia. Um tal diálogo ajudá-los-ia a dar o passo para a reforma do islão. (E porque não até, desenvolvendo uma outra forma de democracia?).Seria um atestado de pobreza se o viessem a fazer apenas a partir das universidades europeias, obrigadas a fundar faculdades islâmicas para formarem os professores de religião islâmica nas suas escolas.
No Corão há muitos versos onde se apela à violência contra “Kuffar” (não muçulmanos = indignos de vida, também apelidados de porcos e macacos, cf. sura 8,22 e sura 5,59-60). “A paz islâmica só se alcança, quando todos os cristãos, Judeus e pagãos forem extirpados” (Corão, sura 9,33…). Na Alemanha tem sido proibida a publicação do livro “Minha Luta” de Hitler, o Corão, em contrapartida tem sido distribuído aos milhares pelas cidades alemãs. Nem se exigem notas explicativas para versos apeladores à violência, como se queria exigir em relação a “Minha Luta” caso fosse publicada.
Não sou defensor da proibição de livro nenhum, só me horroriza o cinismo de uma sociedade que actua com dois pesos e duas medidas e como é fácil levar o povo, ontem como hoje. Hitler que defendia a superioridade da raça germana e o extermínio dos judeus é proibido, o Corão que considera a religião muçulmana como única e apela ao extermínio dos diferentes, não é questionado. Não é de negar que em “Minha Luta” e no Corão se encontram também muitas frases humanas e muitas contradições que ajudam quem luta. Da neblina e da confusão só podem viver melhor os mais espertos. (2)
Segundo historiadores, as religiões, geralmente, não estão na origem das guerras. A origem encontra-se em desigualdades econômicas na sociedade. As religiões actuam como aceleradoras porque implicam maior comprometimento ao dar mais importância à acção.
Continua em “Primeiro a dignidade humana depois a instituição”
António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
(1)     Não, quando na qualidade de representante dos estrangeiros da cidade de minha residência lutava pelos direitos dos turcos e dos estrangeiros, pude observar, num espaço de 15 anos, uma grande mudança de atitude na sociedade muçulmana, antes muito pacífica e as mulheres com menos lenços na cabeça, embora vivendo em gueto. Com o tempo tornou-se mais agressiva, à medida que via surgir dela gente formada na universidade. A partir de então organizavam-se sobretudo na defesa dos próprios interesses, entendendo solidariedade no sentido muçulmano. Um facto é que de mais de cem nacionalidades (e muitas religiões) a viver na cidade quem não aceitava integrar-se eram os muçulmanos. Alguém dirá mas também a raça cigana não se integra; facto é que não se afirma na definição contra a sociedade que os acolhe e permanecem uma minoria em qualquer vila ou cidade. Naturalmente a sociedade aberta deve também ela aguentar uma certa tensão. O problema surge quando falta a solidariedade social e se legitima a luta como maneira de se fazer valer e uma sociedade maioritária discrimina. Se não houver um esclarecimento e empenho no sentido da integração então as nações tornar-se-ão mais cépticas quanto à recepção de muçulmanos. Aqui não está em discussão a questão da sociedade ocidental mas apenas a relação entre dois modelos de sociedade vigentes.
(2)     Digo isto porque sou amigo dos muçulmanos e crítico do Corão e dos Hadhit (Hadiz) e gostaria de um diálogo em que a pessoa humana seja respeitada e defendida, pense ela o que pensar, mas que se olhe com espírito crítico para as instituições que alinham as pessoas em torno de si para fins fomentadoras de domínio e imperialismos à custa da humanidade. O Islão só ganhará com uma reforma profunda.

19 de janeiro de 2015

Mas o que é o Alentejo e seu povo?



O Alentejo é uma região do centro-sul Portugal. Compreende integralmente os distritos de Portalegre, Évora e Beja, e a metade sul do distrito de Setúbal e parte do distrito de Santarém, sendo assim a maior região de Portugal.
pastor.jpgPastor por Dordio Gomes
A identidade cultural do povo alentejano tem a ver com a paisagem ,o carácter de seu povo, com o trajo popular, com a gastronomia, com a arte popular. Desde tempos imemoriais que o pastor alentejano ocupa o tempo que lhe sobra da guarda do rebanho em gravar desenhos sobre madeira, cortiça ou chifre.
A  identidade cultural do alentejano tem a ver com o cancioneiro popular. Tem a ver com o cante, que segundo a tese litúrgica do padre António Marvão teve origem em escolas de canto popular fundadas em Serpa, por monges paulistas do Convento da Serra dOssa, os quais tinham formação em canto polifónico. 
E a identidade cultural do povo alentejano tem também a ver com a habitação popular, o monte ou a casa de povoado, ambos de planta retangular e com chaminé aparecendo em ressalto na fachada.
(texto adaptado de http://beja.blogs.sapo.pt/10885.html) 

18 de janeiro de 2015

Assertivas agostinianas

Não sou do ortodoxo nem do heterodoxo; cada um deles só exprime metade da vida, sou do paradoxo que a contém no total” – O homem, a vida e a obra.


“Existe um Deus que é o conjunto de tudo quanto apercebemos no Universo. Tudo o que existe contém Deus, Deus contém tudo o que existe”: Metafísica, teologia e cosmologia.



“Vai sendo o que sejas até seres o que és, que é Deus sendo; e, cuidado, não te percas enquanto vais sendo”; “Nascemos estrelas de ímpar brilho”; “Só há homem quando se faz o impossível” - Antropologia, ética e educação.



“A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo” - Sociedade, política e economia.



O Tudo para Todos, nós o poderíamos organizar melhor que ninguém”; “são sinónimos, nos vários dialectos, sociedade sem classes, reino de Deus, acracia ou anarquia, e até o Quinto Império, do Vieira a Pessoa” - A Idade de Ouro, a história e a sua superação. O culto popular do Espírito Santo e a vocação universalista de Portugal e da comunidade lusófona. Camões, Vieira, Fernando Pessoa e o Quinto Império sem imperador, reino da fraternidade cósmica.


Crente é pouco sê-te Deus / e para o nada que é tudo / inventa caminhos teus”; “Mas os tempos virão, os tempos de ser Deus” - Uma espiritualidade visionária, holística, ecuménica e trans-religiosa

7 de janeiro de 2015

PLANO DE MANEJO DA CHAPADA DOS VEADEIROS

 Está acontecendo algo muito grave 
e que a grande 
mídia fará de tudo para abafar. 
Está sendo montado um 
PLANO DE MANEJO DA CHAPADA DOS VEADEIROS 
que prevê a construção de 
22 hidrelétricas 
na bacia do Tocantinzinho, 
que irão, por sua vez, 
alimentar a implantação de 
mineradoras e siderúrgicas. 
A Rio das Almas Companhia Energética (Rialma) 
que 
pertence à família do 
deputado federal Ronaldo Caiado (DEM/GO) 
irá encabeçar as obras. 
Estão acontecendo protestos e já 
houve muita resistência organizada 
por ambientalistas locais durante a discussão desse projeto. Fiquemos atentos e preparados 
para impedir a destruição do 
maior tesouro do nosso Estado. 
Até onde pode chegar a imbecilidade humana 
perpetrada pelos nossos governantes 
que não enxergam o potencial 
turístico ecológico e cultural 
que abriga a nossa querida chapada, 
último reduto do nosso cerrado ainda preservado?! ...

6 de janeiro de 2015

História do samba nasceu na roça O samba é uma expressão cultural, uma manifestação da alma brasileira. Sua matriz veio da África, junto com os negros trazidos como escravos.

Brasil está entre os maiores produtores de grãos e de carne do planeta. 
Além da comida, do algodão, da madeira ou da energia gerada pela cana, 
nosso campo também rende muita festa, cultura e até música, 
como o samba, que nasceu no chão de terra batida das fazendas.
Ele já fez realeza descer do trono e transformou gente comum em majestade. 
O samba é uma expressão cultural, vai além do ritmo, da dança ou do canto. 
É uma manifestação da alma brasileira.
Hoje, quando se fala em samba, o mundo inteiro pensa no Rio de Janeiro. 
O desfile das escolas cariocas recebeu o título de maior 
espetáculo a céu aberto do planeta.
É impossível não ser contagiado pelo som, pela energia da 
bateria de uma escola. O que pouca gente sabe é que o samba 
nasceu na roça e num dos momentos mais tristes da história do Brasil.
O samba é filho da senzala. Sua matriz veio da África, 
junto com os negros trazidos para cá como escravos, 
para trabalhar nas lavouras de cana e café. Durante três séculos, 
o som dos tambores e batuques ecoou pelas fazendas do Nordeste, do Rio de Janeiro e São Paulo.

A socióloga Olga Von Simsom é professora da universidade 
de campinas e uma especialista no assunto. “Na verdade, 
todos os sambas do Brasil vêm de uma influência de Angola. 
Em cada local que eles se fixavam saía um samba diferente, 
ao se misturar com as tradições locais”.

Os historiadores estimam que pelo menos sete milhões 
de africanos entraram no Brasil entre 1550 e 1855. 
A maioria vinha de regiões rurais de Angola e 
entravam no país pelos portos de Salvador e do Rio de Janeiro.
No Rio de Janeiro, os negros desembarcavam no cais do Valongo, 
construído especialmente para descarregar escravos, 
como conta o historiador André Diniz. “O cais do Valongo 
foi construído em 1811, justamente para tirar os negros que 
ficavam na Praia do Peixe, atual Praça XV, que ficavam 
expostos ali, acorrentados. Os brancos, que queriam escravizar, 
mas não queriam que a população que chegasse pelo nosso 
cais visse aquela barbaridade que fizeram com toda uma 
população negra africana”.
No início do século XX, o local foi aterrado. Do antigo cais, 
hoje restam apenas ruínas, que fazem parte do patrimônio 
histórico da cidade. A poucos metros, outro lugar guarda parte 
da memória dos escravos: o cemitério dos pretos novos.
No final da década de 1990, um casal de empresários cariocas 
comprou a área para construir uma casa. Quando a obra começou, 
foram descobertas diversas ossadas de negros que foram 
enterrados no local. Eram negros que morriam na viagem da 
África para o Brasil ou assim que chegavam. Os corpos eram 
jogados em valas comuns, incendiados e sobre eles 
era depositado lixo.
A área foi transformada em museu e hoje guarda ossos 
e objetos pertencentes aos escravos.
Escravo não tinha direito a nada, trabalhava de sol a sol, 
sob a ameaça da chibata, mas nem o sofrimento foi capaz 
de apagar a alegria. Os negros insistiam em batucar e cantar. 
Talvez venha daí a inspiração para a letra do samba da benção, 
bela composição do poeta Vinícius de Moraes, 
feita em parceria com Baden Powell.
“É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração”
Há registros de batuques em todos os lugares 
onde tinha os escravos, mas será que o samba 
tem um berço? Há um fato com que todos concordam: 
um dos primeiros lugares onde surgiu essa manifestação 
cultural foi no Recôncavo Baiano. A terra do samba de roda.
O recôncavo é a área que circunda a baía de todos 
os santos, onde está a cidade de Salvador e a escola 
de dança da Funceb, a Fundação Cultural do Estado 
da Bahia. O samba de roda é um gênero que nasceu 
nos canaviais do recôncavo, nos tempos do Brasil colônia.
Clécia Queiroz é pesquisadora, bailarina, cantora, 
e professora de dança da Universidade Federal de Sergipe. 
Ela explica que, nos dialetos africanos, a palavra samba 
tem diversos significados. “Samba significa orar, rezar. 
O candomblé é de caboclo, ele é muito aparentado 
do nosso samba de roda. O candomblé de angola 
ele tem um orixá que se chama samba.
O batuque, o canto e a dança também fazem parte 
dos rituais do candomblé. São formas de louvar os santos. 
“Samba também vem de uma raiz multilinguística 
chamada semba, que significa dar um giro em torno 
do próprio umbigo. O samba significa também brincar, 
cabriolar, divertir-se como um cabrito. Eu costumo dizer 
que essa diversão começa pela cabeça e pelos ombros e vai 
descendo pela cintura, chegando até os quadris, passando 
pelas pernas, chegando até os pés. Quando a gente percebe, 
está brincando como um cabrito, quebrando como um cabrito, 
sambando como um cabrito e cabrito samba?”.
Alguns batuques e danças originados no Brasil colonial foram 
levados para Portugal. Na Europa, os tambores afro-brasileiros 
ganharam a companhia de instrumentos de corda, como a viola 
e o cavaquinho. Essa mistura resultou no samba de roda, 
que tem um ritmo próprio, marcado pelos instrumentos de 
percussão e pelas palmas, como explica o músico Marcos Bezerra. 
“Se você observar, a palma no samba de roda, é que 
embala o samba. Aqui é como se fosse a clave, como se fosse um guia”.
Com o toque das congas e pandeiros, o batuque vai 
ganhando corpo. A melodia é ditada pelos instrumentos 
de corda. Antigamente, só se tocava com a viola machete, 
criada no Recôncavo Baiano justamente para o samba de roda. 
Hoje, quase não vê mais essa viola, que foi substituída pelo o violão.
Como toda música popular, as letras do samba de roda são 
simples e retratam o cotidiano de quem vive no recôncavo. 
“Então, evidentemente, se esse samba nasce na zona rural, ele 
vai falar de boi, de cana. Então, esse é o universo. É esse universo 
que vai aparecer em todo o samba. O miudinho passa 
bem que não sai do chão. Quase que você não tira o pé do chão”.
As alunas da Funceb, além do samba de roda, aprendem 
outros ritmos afro-brasileiros. Assim, dão continuidade 
ao legado que receberam de seus antepassados.