10 de junho de 2014

O UNIVERSO SEM IDADE, AGORA


O universo inteiro cabe numa palma de mão,
Cabe num fio do cabelo do velho cirandeiro,
No veludo da mais fina folha da grama do chão
Que cresce no mais insignificante e comum canteiro,


Cabe nas notas de um arrulhar de pombo doente,
Dentro da garganta de uma rã que salta sem saber,
Nas flores de uma sucupira, no calor do Sol mais quente,
Nas pedras de uma baladeira, na dor que só sabe doer.


Cabe no espinho colorido dos pelos das costas da lagarta,
Nas ventas em movimento do focinho de um jumento,
Nas gotas frias da chuva que vem no meio da noite aberta,
Na coberta que, pra aquele que sente o frio, dá acolhimento.


O Universo, e tudo que existe nele cabe tanto em tudo,
Em toda beleza que se canta e se cantou em toda diversidade,
Que cabe até nesta nossa esperança de ver o tempo fecundo
Da gentileza que possa se espalhar por campos e cidades.


E que então, possamos sonhar o Amor mais amplo e diverso,
Fazendo, como é de seu gosto, brotar os brotos da alegria,
Germinar nas pequenas coisas o mais infinito universo,
Nascer a mais linda eternidade com o mais simples nascer do dia.


Porque o sonho é agora fazer que o que cabe em tudo possa caber,
Nos templos da nova religação que tem a ilusão de que não ignora,
Mas que sonha acordada que do infinito possa de tudo sempre saber,
Mesmo quando a constante contradição ao ignorar sempre aflora,
Neste lugar, que pela persistência há de por fim ver nascer e crescer
A Universidade e seu compromisso eterno com o futuro, agora!


Viva Agostinho, e seu legado de compromisso com o Espírito Puro,
Que se deita nas sombras de Jacarandás, junto com Baobás e Nogueiras,
Porque “O que é verdadeiramente tradicional é a invenção do futuro”
A sonhar que na Universidade só o conhecer possa não conhecer fronteiras.

 


Chico Nogueira


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