16 de maio de 2011

poétiCAS

Exílio*
(Emanuel Medeiros Vieira)

Um Atlântico nesta separação:
batido coração segue as ondas de maio.
Desterros além da anistia,
para lá dos poderes.


Velas ao vento,
não bastam os selos,
a escrita crispada.


Queria os sinais da tua pele,
vacinas, umidades, penugens,
pêlos perdidos no mapa do corpo,
o olhar suplicante, soluços.


Jornadas:
missas de sétimo-dia,
retratos arcaicos.

Outro exílio:
sem batidas na boca da noite, armas, fardas, medos,
clandestinidades.


Sol neste retorno:
casa, guarda-chuva no porão, caneca de barro,
álbuns, abraço agregador,
cheiro de pão, gosto de café,
o amanhã junta os dois nós da memória,

um menino e o seu outro: estou melhor feito vinho velho.


*Poema premiado no Concurso Nacional de Poesias, cujo tema foi “O Mundo do Trabalho”, promovido pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, Paraná.

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